terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Canção para uma valsa lenta - Mário Quintana

Canção para uma Valsa Lenta


Minha vida não foi um romance…
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amas, não digas, que morro
De surpresa… de encanto… de medo…


Minha vida não foi um romance
Minha vida passou por passar
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.


Minha vida não foi um romance…
Pobre vida… passou sem enredo…
Glória a ti que me enches a vida
De surpresa, de encanto, de medo!


Minha vida não foi um romance…
Ai de mim… Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso… de um gesto… um olhar…


Mário Quintana

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Meu desejo - Betânia Uchôa



Meu desejo

Eu queria ser um pássaro cheio de porte
Com olhar profundo e penas imensas!
Eu queria ser uma música, bela e extensa,
A sair embalando corações, lírica e forte!

Eu queria ser uma flecha, certeira e densa
Acertando corações, lhe dando amor e sorte!
Eu queria amar de forma livre e intensa
Um amor único que nos leve até a morte!

Que varra para bem longe a dor e a tristeza...
Que palpita o peito diante de tanta beleza,
E que não haja um mortal que o desmente!

Que me traga sempre essa vontade todo dia,
De esquecer que um dia eu tive dor e agonia!
Perpetuando sempre esse amor na mente!...

Betânia Uchôa

Dias de inverno - Betânia Uchôa



Dias de inverno


Hoje meu ser está triste e no abandono
Não me encanta nada do que vejo.
Hoje, nada me traz um simples desejo
Pareço um ser carente e sem dono

O amanhã vem e traz dor e esse medo
De que a vida passe sem algo a iluminá-la
Ou uma simples lembrança, para guardá-la
Entre chaves, como um grande segredo

Que eu possa lembrar mesmo envelhecida
E me traga um grande alivio
O alento para minha pobre vida

Quando o dia nascer assim sombrio
Essas lembranças me tragam acolhida
Um cobertor, lembrança do amor no frio.

Betânia Uchôa

Não sei ser triste a valer - Fernando Pessoa



Não sei ser triste a valer
Nem ser alegre deveras.
Acreditem: não sei ser.
Serão as almas sinceras
Assim também, sem saber?
      
Ah, ante a ficção da alma 
E a mentira da emoção,
Com que prazer me dá calma
Ver uma flor sem razão 
Florir sem ter coração!

Mas enfim não há diferença.
Se a flor flore sem querer,
Sem querer a gente pensa.
O que nela é florescer
Em nós é ter consciência.

Depois, a nós como a ela,
Quando o Fado a faz passar,
Surgem as patas dos deuses
E ambos nos vêm calcar.

'Stá bem, enquanto não vêm
Vamos florir ou pensar.

Fernando Pessoa