domingo, 11 de março de 2012

Luís de Camões - Soneto


Quem vê, Senhora, claro e manifesto
O lindo ser de vossos olhos belos,
Se não perder a vista só em vê-los,
Já não paga o que deve a vosso gesto.

Este me parecia preço honesto;
Mas eu, por de vantagem merecê-los,
Dei mais a vida e alma por querê-los,
Donde já não fica mais de resto.

Assim que a vida e alma e esperança
E tudo quando tenho, tudo é vosso,
E o proveito disso só eu levo.

Porque é tamanha bem-aventurança
O dar-vos quanto tenho e quanto posso
Que, quanto mais vos pago, mais vos devo.


Soneto de Luís de Camões

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