domingo, 19 de agosto de 2012

Alta noite... - Bruno de Menezes


Alta noite...

Morre a luz do “abat-jour”
Esperei-te e não vieste, assim como
não vens, como nunca virás.
Tenho os olhos a arder. Paralysei o assomo
das minhas mãos, das minhas ansias, dos meus ais.
De que serve evolar-se este aroma
a serralho, do leito que está só?
Ai! a dor
que me toma,
a angústia que me punge, e não te causa dó.
Esperei-te e não vieste.
Aguardei tua vinda, a ansiar por que chegasses.
O “abat-jour” foi morrendo.
Minha sombra tomou a expressão
de um cypreste.
O “abat-jour” foi morrendo
na solidão.
E eu a ansiar por que chegasses...


Bruno de Menezes

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